Pensei muito tempo até chegar a um tema que pudesse ser um bom começo para o blog. Depois de tanto procrastinar (se você não sabe o que é procrastinar, clique aqui) a resposta veio do próprio tempo que gastei pensando nisto.

Todos temos 24 horas todos os 365 dias de cada ano! E isso não vai mudar. O que é diferente para cada um de nós é a percepção do tempo. Esta percepção pode induzir ansiedade e interferir com a tomada de decisão.
Por que será que você talvez já esteja dando uma olhada em quão longo este texto é? Já está prevendo o tempo que vai gastar para lê-lo? Confesso: também faço isso. Rolo a tela do computador ou do celular lá para o final do texto para ter uma noção do tamanho. E se o texto for longo e aparentemente denso, já dou uma desanimada. O cérebro parece calcular o tempo que gastaremos para ler e isso pode gerar ansiedade.
Caso você não se identifique com isso, eu respeito. Por outro lado se você se identificou, não desista de ler agora!
O dia tem 24 horas. Cada hora 60 minutos. Um minuto tem 60 segundos e por aí vai. Isso é igual para todos nós. No entanto, diversos fatores afetam a percepção desse tempo. Os cientistas acreditam que a percepção de tempo é modulada pelo contexto e experiência de vida de cada indivíduo.
A capacidade de perceber com precisão o tempo é crítico para a adaptação dos animais à vida diária. Nós utilizamos processos de temporização para calibrar se temos tempo suficiente para atravessar a rua antes da aproximação de um carro, para manter um fluxo de conversa com outra pessoa, quando decidimos que um site não está carregando corretamente e pressionamos o botão para atualizar, ou quando alguma emoção é criada com a aproximação de um evento ou encontro.
E a percepção do tempo interfere diretamente com a tomada de decisões sobre executar ou não determinada tarefa, como é caso de ler ou não ler esse texto. É uma análise constante de diversos fatores associados à percepção do tempo que será gasto e das recompensas que serão criadas por deteminada atividade.
Em relação às atividades relacionadas à busca de infomação e conhecimento, a internet tornou essa tarefa extremamente difícil para os seres humanos. Existem diversos artigos que falam como a internet e a avalanche de informações vêm aumentando a ansiedade.
As pessoas na antiguidade ou na era medieval não tinham com tanta facilidade contato com a informação. Essas pessoas devoraram os poucos livros, artigos, jornais e revistas que apareciam. Meu blog talvez faria sucesso! Hoje em dia? Bom, hoje em dia você tem um milhão de outros blogs que poderia estar lendo neste exato momento e o seu cérebro provavelmente fica matutando se deveria gastar tempo com esse ou qualquer outro texto ou atividade. A grande maioria das pessoas não tem muito mais paciência para aprender, mesmo porque a internet traz o mundo na frente dos nossos olhos com o apertar de alguns botões. Muitas vezes nem sabemos por onde começar. É preciso paciência.
Muitas pessoas deixaram de ter paciência para ler livros longos ou simplesmente textos como este. Temos a tendência de procurar textos cada vez mais curtos, de ler somente os subtítulos, de se ater a ver vídeos curtos e condensados sobre uma notícia. Nos enganamos achando que já entendemos sobre determinado assunto. Esse comportamento acelerado da busca da informação faz com que as discussões, conversas e ideias de grupos sejam superficiais. Talvez esse seja um dos maiores problemas atuais nas ideas jogadas no facebook e outras redes sociais. Leandro Karnal, em alguns dos seus vídeos, comenta que basta uma conta no facebook para o indivíduo se achar letrado como jurista, político, médico, cientista e outros.
O problema é que aprender, meus caros, leva tempo!
Segundo a Psicologia, existem pelo menos três tipos de atitudes de uma pessoa quando ela deve tomar uma decisão em fazer ou não uma atividade. Talvez você se encaixe em um ou mais de um tipo.
1) Pessoas que tomam decisões baseadas em suas memórias e experiências. Essas pessoas organizam as decisões considerando o que aconteceu com elas no passado.
2) Pessoas que tomam a decisão baseada no presente. No geral, essas pessoas não conseguem esperar para ganhar uma recompensa. São imediatistas e avaliam as consequências no presente. Existem estudos que mostram que se apresentarmos um doce a uma criança e dissermos: “Olha, se você esperar 20 minutos e não comer esse doce, eu volto e te dou dois doces.“. A maioria das crianças come o doce que está na mesa.
Outras, esperam os dois doces e esse são…
3) Pessoas que tomam a decisão baseada no futuro. Esses são guiados pelas recompensas que virão e tomam as atitudes hoje pensando no amanhã.
O que é melhor? Ouvi o psicológo Philip Zimbardo dizer que um balanço entre os três, quando orientados positivamente, é o melhor. Como assim? O passado positivo sustenta as decisões com raízes, o futuro dá asas e o presente hedônico (àquele que busca prazeres) dá energia para seguir. Precisamos nos dedicar a atividades que nos darão algum tipo de prazer. Além disso, sabemos do nosso próprio passado e da observação do mundo que para se aprender alguma coisa nova é necessário muita dedicação, trabalho e paciência pela recompensa. Paciência é uma virtude, mas também pode ser cultivada.
O jargão nos diz e nós o repetimos sempre: “…mas eu não tenho tempo para isso”. Bom, eu lembro muito bem do diretor do colégio que estudei, prof. Pomarico do Colégio Joana D`Arc na região oeste de São Paulo, dizendo que quanto mais coisas arranjamos para fazer mais tempo arranjaremos para fazer outras coisas. Matematicamente, isto parece ilógico; mas psicologicamente, intriga.
Eu acredito que as recompensas provenientes de ações prévias motivam a busca para se engajar em novas ações. A felicidade que tive com o blog Prisma Científico me angajou em criar o TimTim online.
LINKS INTERESSANTES: